domingo, 9 de janeiro de 2011

Década de 1930

Arquitetura dos anos 1930 - o desaparecido Mercado Livre, e ao fundo oPalácio do Comércio, ainda existente

Década de 1930

Com o inesperado falecimento de Otávio Rocha em 1927 assumiu interinamente Alberto Bins, seu vice, concorrendo no ano seguinte como titular da chapa e obtendo o cargo. Foi confirmado em seu posto após a Revolução de 1930, que extinguiu os mandatos municipais. As avenidas centrais da cidade, recém abertas, sintomaticamente receberam os nomes de Avenida Júlio de Castilhos e Avenida Borges de Medeiros. Já Otávio Rocha, o Intendente recém falecido, foi homenageado com uma rua, uma praça e o primeiro viaduto da cidade. Ainda que o Plano Geral de Melhoramentos tenha continuado como base do projeto político administrativo de reformas e modernização, algumas mudanças se faziam necessárias. Edvaldo Paiva e Ubatuba de Faria, funcionários do município, e Arnaldo Gladosch, contratado no Rio, esboçaram alguns ensaios de reorganização da malha urbana central de acordo com os princípios modernos, mas nenhum se implantou em plenitude. Paralelamente foi ideado outro modelo para a expansão periférica e horizontal da cidade. Vários bairros ou loteamentos residenciais propuseram uma interpretação local do protótipo da "cidade-jardim", com um traçado orgânico, construções isoladas em baixa escala e densa vegetação, cujos melhores exemplos são a Vila Jardim, a Vila Assunção e a Vila Conceição. O aterro do Guaíba prosseguiu e iniciaram-se também a urbanização da Várzea da Redenção e a arborização de outros espaços de lazer; ampliou-se o calçamento das ruas e as redes de água, esgoto e energia elétrica. Ele teve a vantagem de, sendo um próspero descendente de imigrantes, ser bem relacionado com a influente comunidade alemã do estado, constituindo-se mesmo em representante da colônia frente ao Partido Republicano e ao parlamento, e com significativos grupos da burguesia comercial e industrial da cidade. Amparou a classe operária fundando em 1930 um Comitê, e instituiu sindicatos de apoio aos industriais. Outra de suas obras foi a organização da grande Exposição do Centenário Farroupilha, em 1935, a maior que Porto Alegre vira em toda a sua história, e que, construindo seus pavilhões em estiloModernista, influenciou decisivamente a evolução da arquitetura da cidade. Governou a capital até 1937. Às vésperas de deixar a Intendência a cidade passava por uma crise, tendo expressiva parcela dos contribuintes solicitado moratória.

Entrementes Getúlio Vargas se aproximava da Alemanha, o Rio Grande do Sul aumentava suas exportações de couro e fumo para lá, e os muitos alemães de Porto Alegre, bem como de resto toda a colônia do estado, que somava mais de 900 mil pessoas nesta época, demonstravam estar muito organizados, vários enriqueceram e atingiram posições de destaque na cidade e pelo interior, como o próprio Alberto Bins, havendo até uma série de jornais em alemão para este público específico, onde se discutia desde política até tecnologias agroindustriais. Os três jornais alemães de Porto Alegre, oVaterland, o Neue Deutsche Zeitung e o Deutsches Volksblatt, eram todos pró-Nazismo, em graus variados. Com as simpatias do governo federal voltadas para a Alemanha e seu regime, e com a comunidade local animada semelhantemente, logo se testemunharam a cidade manifestações populares com batalhões de jovens fardados carregando bandeiras com a cruz suástica. Na esfera do governo, em declarações públicas Bins expressou sua simpatia pelo Nazismo.

Mas nem todos concordavam com o rumo dos acontecimentos. Intelectuais como Erico Verissimo eDyonélio Machado, irritados com o clima opressivo, e sentindo-se alinhados com a cultura e arte dosEstados Unidos, fundaram em 1938 o Instituto Brasileiro Norte-Americano. Na educação foi importante nesta época a criação Universidade de Porto Alegre, de âmbito estadual, que foi a antecessora da UFRGS, enquanto que já existiam grandes colégios em funcionamento, como oAnchieta, o Júlio de Castilhos e o Rosário. No campo cultural pelo fim dos anos 1930 oModernismo já estimulava um debate intenso entre a elite pensante sobre os novos rumos que a arte vinha tomando, tendo sido o novo estilo introduzido em Porto Alegre primeiro pelas artes gráficas, com destaque para as ilustrações em revistas como a Revista do Globo, que tinha grande circulação, e que mantinha em suas oficinas um grupo de talentosos ilustradores, alguns dos quais mais tarde definiriam o perfil de toda a melhor arte local e estadual. Entre eles estavamErnest Zeuner, Edgar Koetz, Francis Pelichek e João Fahrion. Grande parte da movimentação cultural ocorria nos cafés, especialmente na Confeitaria Central, na Confeitaria Rocco, no Chalé da Praça XV e no Café Colombo. Formou-se o chamado Grupo do Café Colombo, composto por alguns dos mais destacados personagens do mundo cultural de então, como Mario Quintana,Dante de Laytano, Walter Spalding,Barbosa Lessa, Theodomiro Tostes, Moysés Vellinho, Dyonélio Machado, Pedro Wayne, Telmo Vergara, Raul Bopp, Radamés Gnatalli, Fernando Corona e Augusto Meyer. O Café Central era o foco de concentração dos políticos. Cassinos e clubes ofereciam programas culturais com música, dança e representações cênicas, geralmente de caráter populares, e o Theatro São Pedro centralizava a música e o teatro eruditos.

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