domingo, 9 de janeiro de 2011

Início da colonização




Índio Charrua, pintado por Debret no século XIX
Por ocasião do Descobrimento a região onde se ergue Porto Alegre era habitada pelos grupos indígenasGuaranis,Charruas, Minuanos e Tapes. Com o estabelecimento doTratado de Tordesilhas em 1494, e com a posterior descoberta do Brasil em 1500, cujo território ficava dividido pela linha demarcada pelo Tratado, a região sob domínio português terminava na altura de Laguna, em Santa Catarina, ficando o Rio Grande do Sul sob domínio espanhol.
Contudo, com a União Ibérica, entre 1580 a 1640, estes limites tornaram-se relativamente inócuos. Havendo pouco interesse da metrópole por estas terras, diversos desbravadores portugueses começaram a se estabelecer espontaneamente perto do litoral, e quando Portugal recobrou sua independência, em 1640, já havia muitas estâncias na região, especialmente ao norte da Lagoa dos Patos e junto à desembocadura do rio Jacuí. Em 1680 os portugueses fundaram no Uruguai a Colônia do Sacramento, hoje cidade de Colônia, e o litoral riograndense passou a ser percorrido intensamente por eles como caminho para abastecimento da colônia e como forma de garantir a posse do território.
Em 1732 Manoel Gonçalves Ribeiro, natural de Laguna, recebeu uma sesmaria na área conhecida como Campos de Viamão, onde se iniciou a formação de um povoado, a Capela Grande do Viamão, que seria a segunda capital do estado. Outros colonizadores que receberam terras na região foram Sebastião Francisco Chaves, Dionisyo Rodrigues Mendes e sobretudoJerônimo de Ornellas, concessionário da sesmaria mais importante, a de Sant'Anna, localizada sobre o morro de mesmo nome, em um lote que já ocupava desde 1732, tendo instalado ali uma estância para criação de gado e sua residência. Junto à antiga desembocadura do arroio Dilúviojá existia um ancoradouro, o Porto do Viamão, que se tornou também conhecido como Porto do Dornelles, uma corruptela de "Ornellas".
Em 1742 o rei de Portugal, atendendo a solicitação do brigadeiro José da Silva Paes, publicou um edital autorizando a emigração de açorianos para o sul do Brasil, que de início deveriam se fixar na região de Santa Catarina. Em 7 de dezembro de 1744, Jerônimo de Ornellas recebeu, por Carta Régia, a confirmação de posse das terras já ocupadas, e intensificou sua criação de gado. Com a sede instalada no Morro Sant'Anna, o restante de sua propriedade era apenas campo desabitado, com a exceção de algumas famílias arranchadas à beira do lago, na ponta da península, onde hoje é o centro histórico de Porto Alegre. Ali ergueram uma diminuta capela, consagrada a São Francisco das Chagas, elevada a curato em 1747.
Em 1750, após a assinatura do Tratado de Madrid, ordenou-se ao governador de Santa Catarina,Manoel Escudeiro de Souza, que enviasse ao Porto do Viamão uma leva dos casais que estavam para chegar dos Açores. Em 1751 foram selecionadas 60 famílias, perfazendo um total de cerca de 300 pessoas, que chegaram ao local em janeiro de 1752, sendo encaminhadas a terras já demarcadas no Morro Sant'Anna. Mas o local era pobre em fontes de água e foi abandonado, tendo a população se fixado junto do porto, que por esta razão passou a ser conhecido como Porto dos Casais. Em 1752 chegou nova leva de açorianos, que se juntaram a cerca de 60 milicianos do destacamento do Coronel Cristóvão Pereira de Abreu, para cá enviados a fim de dar proteção e assistência aos habitantes. Junto com a tropa veio o primeiro religioso, um capelão militar Carmelita, Frei Faustino Antônio de Santo Alberto. Ainda em 1752, Jerônimo de Ornellas, sentindo-se prejudicado com a ocupação, pelos açorianos, da ponta da península, vendeu as suas terras a Ignácio Francisco, embora na Carta de Confirmação de sua sesmaria constasse a obrigação de deixar meialégua a partir do lago em direção ao interior como área de uso público. A área foi então desapropriada e disponibilizada legalmente para os colonos já assentados, mas a partilha e entrega efetiva dos lotes rurais individuais só aconteceria em 1772. O primeiro logradouro construído foi o cemitério, na beira do Guaíba e nas proximidades da Praça da Harmonia que, em seguida, foi transferido para o Morro da Praia, atual Praça da Matriz.